"Em linhas gerais, o que caracteriza os portugueses a nível sexual? São expansivos, retraídos, aventureiros…

Os portugueses estão mais saídos da casca, mas ainda há um caminho para percorrer comparativamente a outros países.  Temos 32% que consideram os produtos eróticos muito importantes para o aumento do prazer – o que cruza com os mais de 30% que referem considerar vir a usar algum tipo de produto de satisfação sexual mais ousado, nomeadamente vibradores e massajadores – e apenas 23% que não os considera de todo, ou seja, temos aqui 40% que estão indecisos.

 

Pegando nestes números creio que são em particular os homens que precisam ser mais expansivos. Encontramos o segmento feminino mais bem resolvido com a sua sexualidade. As mulheres portuguesas evoluíram muito rapidamente nos últimos anos e percebem que o sexo é fundamental para a sua autoestima e por isso são elas que hoje trazem estes artefactos para a relação ou o usam a sós. O segmento homossexual também não tem qualquer pudor e é ativo utilizador destes produtos. Mas os homens… talvez pelo eterno estigma do “macho latino” ou pela imaturidade que lhe é caracterizada, muitas vezes, acabam por ser mais retraídos, não por receio dos produtos, mas por uma questão de “orgulho” masculino.

  

Apenas 57% dos portugueses diz que a sua vida sexual é muito satisfatória. Porque anda quase metade pouco satisfeita com a sua intimidade?

De facto, é preocupante, sobretudo quando temos também cerca 1/3 também que refere não se sentir amado e feliz. Acredito que tenha muito a ver com a rotina… É normal em qualquer um de nós, independentemente do seu estado civil ou condição social, entrar na rotina. Aliás “sair da rotina” é assumido por cerca de metade dos portugueses como algo que gostariam de ver melhorado nas suas vidas sexuais e isso justificará os dois restantes aspetos de grande importância também referidos neste estudo: querer “relações com maior regularidade” e “sentir-se bem consigo mesmo”.

 

O nosso quotidiano é extremamente stressante: o ritmo de trabalho, a gestão familiar, problemas vários… é complexo pensar por vezes no sexo como um ato puro de amor, de entrega e partilha. Quantas vezes casais não conseguem um momento para sair da rotina e serem apenas um casal, sem pensar em filhos e restantes preocupações, terem intimidade? Quantos homens e mulheres não querem sentir mais desejo que o que entregam aos seus pares? É neste contexto que o mercado de artigos de satisfação sexual dá resposta com produtos adequados a cada ocasião.

  

Que peso tem o sexo na vida dos portugueses?

Bem, para 72% dos portugueses o sexo é essencial para uma vida feliz e, quando aprofundamos o tema, vemos a cada vez maior consistência da resposta: por exemplo, no segmento de “casados”, esta importância do sexo representa 85% na felicidade do casal e mesmo independentemente dos valores morais, 78% está disposto a experimentar coisas novas para estimular mais o prazer sexual. É este segmento também que utiliza os motéis (48%) para sair da rotina, recorre a filmes, roupas/fantasias e produtos eróticos com maior frequência.

 

O sexo é até importante em questões de saúde, um dado transversal a todos os segmentos; em termos de comunicação no casal, em particular para as mulheres; para autoestima… ou seja, o sexo hoje é muito mais partilha e intimidade do que apenas sexo, como sempre foi visto. Aliás, a duração do ato sexual (tempo) é o aspeto menos valorizado no estudo que fizemos, mesmo junto dos mais jovens. Será difícil alguém ser feliz se a sua vida sexual não for satisfatória."

 

 

Artigo publicado originalmente aqui.